terça-feira, 5 de abril de 2011

Misturando liquidos

Rasga a pele e libera o fluxo do sangue,
desenha rostos tristes nas poças vermelhas,
lambe as pontas dos dedos como uma refeição saborosa,
mistura à cor as lágrimas trilhadas de seu rosto,
escorrega o corpo nú pelas paredes,
construídas sobre o chão que também perdeu seu branco,
encosta na divisa de dois lados gelados e olha tudo que fez,
não mudou nada, fingiu ser mais forte,
enganou a você mesmo.
Agora olha para você, triste e vermelho, fraco e indefeso,
continue aí, continue misturando líquidos.

sábado, 26 de março de 2011

Seca

Navega em um rio de lágrimas, que matará sua sede quando tudo secar.
Isso te faz pensar que sua dor lhe salva, que tolo,
pois não chegaria à seca se antes morresse de amor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ela

Ela é tão bela, eu tão vulgar.
Ela cheira à rosas, eu nem ao menos cheiro.
Ela tem um toque suave, eu uma mão pesada.
Ela sabe o que diz, eu não sei de nada.
Ela sente vontade, eu só falo de dor.
Ela sonha com o mundo, meu mundo é não sonhar.
Ela faz sentir saudade, eu faço se afastar
Ela define que na verdade eu não sei amar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Amor

O teu maior medo é teu maior desejo.
Te torna frágil a única coisa que pode te fazer forte.
Você deseja mas se esconde,
é como se estivesse perseguindo alguém secretamente,
não quer olhar em seus olhos,
não quer que ele o veja.
É um tolo, visto de longe, o mais inteligente.

terça-feira, 15 de março de 2011

Frio

Abraça seu próprio corpo,
aperta forte em seu nó.
Respira alto para sentir a companhia
do seu próprio som.
A boca treme e se entrega,
sem calor, em uma canção.
Ao seu desafinar, sorri, mesmo que triste.
Talvez sentir frio não seja tão ruim,
talvez não precise de motivos para sorrir,
apenas esquecer o que te cerca, te aquece.

domingo, 13 de março de 2011

Conforto

Para tu, ser tênue,
basta sua mãos sobre seus olhos,
escondendo os do mundo que não os deseja.
Teu conforto é simples,
é pouco, é tudo que tem.

sábado, 12 de março de 2011

Pândego

Por alguns segundos, foge da cortina negra atrás da qual se esconde.
Seus temores mais ocultos, porém, mais fortes, por lá ficam, por alguns segundos.
E então Cabisbaixo, os grandes olhos negros ousam olhar pro céu, deixando com que a luz do sol, que a tantos alegra, de aos olhos teus o brilho que há muito não tinham.
Na boca calada, cansada por tanto reclamar, feridas por sua própria raiva, esboça-se um sorriso, brando, ainda tenebroso, mas que começa a te fazer entender o que aquilo é.
Mas tudo isso é muito, talvez não digno, deixo que volte a sua cortina negra, e por lá, se entenda com os seus.